A ancestralidade dos bordados em exposição

A influência afro-latino americana na moda marca o retorno da Casa do Cachorro Preto à Casa Balea, em Olinda, com Oluyiá França e Teresa França - Foto divulgação



“CAMINHOS” é o título da exposição do projeto c que retoma A Casa do Cachorro Preto na Casa Balea, em Olinda. Com abertura desde o último dia 13 de janeiro, a designer de moda Oluyiá França e sua mãe, a arte educadora Teresa França apresentam influência afro-latina-americana através de peças de vestuário com técnicas do bordado livre. São cerca de 50 peças entre bastidores, quadros, vestidos, blusas, chaveiros e colares.


Mãe e filha criam histórias e elos que geram discussão coletiva e não enxergam suas obras como produto. “A moda é um conceito social, político e histórico e o mercado independente é o que traduz a moda brasileira na atualidade”, resume Oluyiá. “As ideias podem nos levar anos-luz longe do lugar que chamamos de casa, só para retornarmos sabendo que já tínhamos tudo o que precisávamos desde o começo”, conclui Teresa. Elas citam a autora do afrofuturismo Yatasha Wowack "a escolha que você não conhece é uma escolha que você não tem". 


No processo criativo é possível ver os caminhos, as escolhas feitas. A Diáspora é signo de movimentos complexos, de reveses e avanços, de afirmação e negação, de criação e mimese, de cultura local e global, de estruturas e singularidades, de rompimento e reparação. A utilização de pontos básicos do bordado aprendidos na infância, linhas de diversas texturas e localidades, tecidos escolhidos, rendas e aplicações de décadas variadas.


O saber manual é base para expressão da ancestralidade, os insumos são artigos geracionais, tanto de gerações passadas quanto das possibilidades de criar e gerar o novo. Teresa e Oluyiá alertam que as peças trazem especificidades culturais que, se continuarem a não serem contempladas, o abismo para o diálogo será cada vez maior. É necessária a luta e a afirmação como corpos políticos negros.

Oluyiá França é tecnóloga em design de moda, pós em modelagem e criação, técnica em figurino, pesquisadora e educadora popular. Integrante do grupo de estudos acadêmicos GPEPAR/UFPE e da rede de afro empreendedores de PE. Tem uma marca autoral que leva seu nome e apresenta peças únicas, atemporais bordadas com influência da cultura afro-latina-americana.

Teresa França inicia sua trajetória na escolinha de arte do Recife em 1968, a partir daí o desenho, a pintura e a criatividade nunca mais a abandonaram. Estudou pedagogia e alfabetizou muitas crianças em escolas e projetos educacionais. Atualmente é arte educadora no Instituto Capibaribe e iniciando uma nova jornada como arteterapeuta.


Com incentivo do Funcultura, o projeto também terá no dia 23 de janeiro uma roda de conversa com a intervenção artístico-cultural. Temas como individualidade, apropriação cultural, sustentabilidade do indivíduo e do meio, abordados com interação do público.


CAMINHOS - Por Oluyiá França e Teresa França

Casa Balea / A Casa do Cachorro Preto

Rua Treze de Maio, 99 – Cidade Alta – Olinda

Visitação de quarta a domingo 16h às 22h


Acesso com máscara e comprovante de vacina.