Tecnologia e negócios em tempo de Pandemia

Yulia Ogorodnikova - Foto divulgação




A Covid-19 trouxe um impacto sem precedentes no mundo econômico. Com o setor de tecnologia sendo um dos maiores exemplos. Antes que a pandemia acontecesse, os orçamentos de investimento e pesquisa em tecnologia já cresciam de forma constante. Mas a crise disruptiva daCovid-19 acelerou esse processo em aproximados sete anos.

Agora, a diferença entre empresas de tecnologia e empresas de não tecnologia se tornou praticamente extinta. Atualmente, todos os tipos de negócio usam algum tipo de estratégia tecnológica. A tecnologia está sendo utilizada como fator de competitividade decisivo na área de logística, cadeias de suprimento, automação, desenvolvimento de novos produtos, gestão financeira e trabalho remoto. As inovações na área de serviços profissionais também foram das mais bem-sucedidas.

Empresas com tecnologias de ponta, parcerias estratégicas e uma abordagem ágil têm um melhor conjunto de habilidades para mudar suas prioridades tecnológicas e se ajustar aos desafios econômicos. Mas empresas de sucesso ainda investem mais no crescimento do negócio do que na sua segurança. E isso é um fator de atenção.

A mudanças não param. A inteligência artificial (IA) foi uma das tecnologias mais utilizadas para o gerenciamento dos negócios durante a COVID-19. Novos negócios estão tendo seus valores mensurados por seu capital intelectual usando IA e big data, semelhante a como o QI individual é avaliado. A Deloitte espera um crescimento de 30% nas receitas da nuvem de 2021 a 2025. E os pagamentos digitais passaram de meras conveniências financeiras para prioridades de segurança de saúde pública.

No Brasil, dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), apontam que o setor de TI cresceu 8,3% em 2020, na contramão da média dos demais serviços. Nesse sentido, as startups de tecnologia se destacam pelo crescimento diante do cenário. Também em 2020, o varejo digital brasileiro faturou cerca de R$ 105,1 BI de janeiro a agosto, tendo uma alta de 56.8% em relação ao mesmo período de 2019. O dado é recorrente de um estudo da ABComm com o movimento Compre&Confie.

Cerca de 66% das empresas brasileiras reformularam sua infraestrutura de TI para atender às novas exigências de trabalho remoto e híbrido, com aumento dos orçamentos em tecnologia para acelerar a transformação digital. É o que revela um estudo global da Equinix, divulgado nesta quinta-feira (20), que apresenta a visão dos líderes de tecnologia sobre o impacto das tendências tecnológicas e da pandemia.

Ainda devido aos impactos da COVID-19, 59% dos líderes de TI no Brasil decidiram acelerar seus planos de transformação digital, enquanto 54% tiveram seus orçamentos ampliados para acompanhar o rápido crescimento das exigências digitais. Esses números, segundo o levantamento, estão bem acima das médias globais de 47% e 42%, respectivamente.

A verdade é que por sobrevivência, boa parte das empresas teve que se adaptar, recorrendo a digitalização dos seus serviços. Redes sociais, principalmente as que utilizam trocas de mensagem, como o whatsapp, foram cruciais para essa evolução. 

A Kopenhagen, por exemplo, investiu no projeto "Personal Shopper", com vendedores do outro lado da tela fazendo contatos com os clientes do programa de fidelidade (responsável por 52% da receita) a partir de inteligência de dados para oferecer kits personalizados com o que eles mais gostam. Inicialmente, 20 lojas próprias da rede receberam a tecnologia. Atualmente, o novo formato já está em mais de 200 franquias.

A previsão da IDC Brasil aponta que o mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação deve crescer 7% em 2021 e os investimentos devem se basear em segurança, nuvem, modernização de gestão de softwares, inteligência artificial e experiência do cliente.

E sua empresa? Também deu um salto de 7 anos em tecnologia? A hora é de entender os movimentos e agir pra não correr o risco de viver hoje num passado que não existe mais. Bem vindo ao novo normal dos negócios.

 


Yulia Ogorodnikova

Diretora Akross Internacional

MBA-FGV / Master of Science pela Universidade da Califórnia