Popularidade de Bolsonaro cai, segundo pesquisa XP Ipespe, mas "ele ainda seria reeleito em um segundo turno, se eleição fosse hoje", diz Lavareda
Já de acordo com o Instituto Datafolha, da Folha de S. Paulo, Bolsonaro perderia para Haddad, se eleição fosse hoje - Foto Google Imagem
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Esta semana, foram divulgadas duas pesquisas com avaliações sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro. A popularidade do presidente caiu, segundo os levantamentos divulgados ontem pelo Datafolha, no jornal "Folha de S.Paulo", e pela XP/Ipespe. A primeira pesquisa foi feita entre os dias 29 e 30 de agosto, com 2.878 entrevistas presenciais em 175 municípios. A segunda, com campo entre 27 e 29 de agosto, foi realizada com 1 mil entrevistas por telefone. Um terceiro levantamento divulgado ontem, feito pela consultoria Atlas Político, chegou à mesma conclusão com 2 mil entrevistas coletadas em sistema online entre 29 e 31 de agosto.
Segundo o Datafolha, o percentual de pesquisados que avaliam o governo como ruim e péssimo subiu de 33% em julho para 38% agora. Já a soma dos que avaliam a administração Bolsonaro como boa ou ótima caiu de 33% para 29%.Também diminuiu a expectativa positiva em relação ao governo. Em julho, 51% dos pesquisados apostavam que o restante da administração do presidente será bom ou ótimo. Agora são 45% que alimentam esta esperança.
Bolsonaro e seus aliados procuraram desqualificar o levantamento publicado pelo jornal. "Alguém acredita em Datafolha? você acredita em Papai Noel?", indagou o presidente. No Twitter, o secretário de Comunicação Social, Fabio Wajngarten, disse ser "inaceitável" "um instituto de pesquisa pertencer a um grupo de comunicação".
Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), "o governo vocaliza mais a polarização do presidente e não mostra algo que pode estar fazendo. É natural que fique com um eixo da sociedade e não tenha o outro".
Os dados do Datafolha, contudo, convergem com outras pesquisas. Na sondagem mensal feita pelo Ipespe por encomenda da financeira XP, 41% classificam o governo como ruim ou péssimo, três pontos percentuais a mais do que o registrado no último mês. O índice de bom ou ótimo caiu de 33% para 30%. No levantamento do Atlas Político, a avaliação negativa da gestão é de 39,8% e a aprovação em 28,4%.
Na semana passada, período em que foram feitos os levantamentos, o noticiário foi dominado pela crise das queimadas na região amazônica. O presidente Jair Bolsonaro rejeitou uma ajuda oferecida pelo G-7, o grupo de países mais ricos, e acusou o homólogo francês, Emmanuel Macron, de querer se imiscuir em assuntos brasileiros.
Segundo o cientista político Antonio Lavareda, do Ipespe, a percepção sobre o governo foi impactada pelo noticiário desfavorável sobre o caso. Lavareda ponderou, contudo, que a expectativa em relação ao restante do mandato do presidente é consideravelmente mais alta do que a avaliação atual da administração, o que sugere que a tendência de declínio de Bolsonaro pode não ser sólida.
Nesta categoria, os dados do Ipespe são análogos aos do Datafolha. Para 42% dos pesquisados, a expectativa em relação ao restante do governo é boa ou ótima, ou dois pontos percentuais a menos do que o registrado no levantamento feito há um mês.
Antonio Lavareda - foto divulgação |
O apresentador Luciano Huck está com 36%. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com 28%. O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), com 27% e o exprefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), 25%."O declínio que Bolsonaro teve é leve e hoje ele seria um ganhador da eleição presidencial em um segundo turno", disse Lavareda.
Segundo o Datafolha, entretanto, Bolsonaro perderia a eleição para Haddad, no segundo turno, se a eleição fosse hoje. O presidente teria 36% dos votos e o petista 42%, com 18% de opções pelo voto em branco ou nulo e 4% que não souberam responder.
O instituto não fez simulações de primeiro turno e nem testou a hipótese com outros possíveis candidatos. Bolsonaro e Haddad defrontaram-se no segundo turno da eleição presidencial no ano passado. O presidente venceu com 55,1% dos votos válidos, ante 44,9% obtidos pelo petista.