Caixa Cultural Recife faz um resgate da Obra de Farnese de Andrade
Mostra apresenta um conjunto de assemblages e objetos do artista mineiro que é um dos ícones da arte brasileira |
A CAIXA Cultural Recife apresenta, a partir desta quinta-feira(13), às 19h, a exposição "Farnese de Andrade – Arqueologia Existencial". Com curadoria de Marcus de Lontra Costa, a mostra apresenta um conjunto de cerca de 40 obras pertencentes a coleções particulares, mapeando sua produção ao longo dos anos 1970, 1980 e 1990. A exposição tem a linguagem única e singular do artista, de forma a mostrar sua personalidade e trajetória fundida com as fases de sua obra. Com entrada franca, a mostra fica em cartaz até o dia 17 de fevereiro de 2019.
A mostra circula desde 2015 e já passou por Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, nesta última, com versão ampliada em homenagem ao aniversário de 20 anos de morte do artista mineiro, falecido em 1996. Na CAIXA Cultural Recife são apresentadas obras, entre assemblages e objetos, além da exibição do filme "Farnese" (1970), do cineasta Olívio Tavares e Araújo, uma entrevista em vídeo com o curador e textos/poemas que ajudam a elucidar a trajetória e fundamentos criativos do artista.
Farnese de Andrade foi um artista múltiplo, cuja produção, vida e arte se enlaçam de maneira inseparável dando origem a uma obra densa, de caráter fortemente autoral. Começa sua carreira como desenhista e gravador e, a partir de 1964, cria objetos ou assemblages com cabeças e corpos de bonecas, santos de gesso e plásticos, todos corroídos pelo mar, coletados nas praias e nos aterros. Passa a comprar materiais como redomas de vidro, armários, oratórios, nichos, caixas e imagens religiosas em lojas de objetos usados, de antiguidades e depósitos de demolição. Utiliza com frequência velhos retratos de família e postais, e começa a realizar trabalhos com resina de poliéster, sendo considerado um pioneiro da técnica no Brasil.
Apontado como dono de uma personalidade difícil e de um trabalho marcadamente autobiográfico, Farnese revelou nas obras sua densa trajetória pelas memórias de infância, do pai, da mãe, dos irmãos, da sagrada família mineira e de sua fase oceânica, além de um certo aspecto libertário e transgressor, a partir de sua mudança para o Rio de Janeiro. Enclausurado na própria solidão, expressou principalmente o embate dos seus medos, dores, tristezas, rancores, fetiches, libidos, euforias e alguma alegria. A poética de Farnese de Andrade, pautada no inconsciente, contrasta com as de outras tendências do período, como as da arte construtiva e concreta.
Praticamente esquecido nas últimas décadas, Farnese foi regularmente premiado de 1962 a 1970, como no Salão Nacional de Arte Moderna de 1970 - Prêmio de viagem ao exterior, e mais recentemente em 1993 - Prêmio Roquette Pinto de Os Melhores de 1992, pela exposição "Objetos". Farnese é um dos mais valorizados artistas brasileiros e tem obras nas maiores coleções particulares e museus do Brasil e do mundo, como: Coleção de Arte Latino-Americana da Universidade de Essex - Inglaterra, Instituto de Arte Contemporânea de Londres, MAC Niterói - RJ, Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), MAM RJ, Museu Nacional de Belas Artes, MAM SP, etc.
Incentivo à Cultura - A CAIXA investiu mais de R$ 385 milhões em cultura nos últimos cinco anos. Em 2018, nas unidades da CAIXA Cultural em Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, está prevista a realização de 244 projetos de Artes Visuais, Cinema, Dança, Música, Teatro e Vivências.
A CAIXA Cultural Recife oferece, desde 2012, uma programação diversificada, com opções gratuitas ou a preços populares, estimulando a inclusão e a cidadania. O espaço, situado em um prédio histórico na Praça do Marco Zero, conta com duas galerias, teatro, sala multimídia, salas de oficinas e tem 40 projetos previstos na programação de 2018.
Serviço:
[Artes Visuais] Exposição "Farnese de Andrade – Arqueologia Existencial"
Local: CAIXA Cultural Recife –Avenida Alfredo Lisboa, 505 - Bairro do Recife, Recife - PE
Abertura e visita guiada com o curador: 13 de dezembro de 2018 (quinta-feira), às 19h
Visitação: de 14 de dezembro de 2018 a 17 de fevereiro de 2019
Horário: terça a sábado, das 10h às 20h | domingos, das 10h às 17h
Entrada Franca
Classificação indicativa: Livre para todos os públicos
Acesso para pessoas com deficiência
Informações: (81) 3425-1915
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal
SOBRE O ARTISTA:
Farnese de Andrade (1926–1996):
Nascido em Araguary - MG, Farnese entrou em 1945 na Escola do Parque de Belo Horizonte, onde foi aluno de Guignard e contemporâneo de artistas como Amilcar de Castro, Mary Vieira e Mário Siléso. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1948 onde trabalhou como ilustrador para o suplemento literário dos jornais Diário de Notícias, Correio da Manhã e Jornal de Letras, e para as revistas Rio Magazine, Sombra, O Cruzeiro, Revista Branca e Manchete, entre 1950 e 1960. Em 1950 realiza a primeira exposição individual de seus desenhos. Em 1959 começou a frequentar o ateliê de gravura do MAM-RJ, onde estudou gravura em metal com Johnny Friedlaender e Rossini Perez. Produziu gravuras abstratas, trabalhando com formas regulares e cores fortes. Nas matrizes utiliza materiais encontrados nas praias, como pedaços de madeira cheios de sulcos. Em 1965, realiza a série de desenhos Eróticos e inicia os Obsessivos.
Bolsista do governo brasileiro, viajou em 1970 para Barcelona. Sua volta em 1975 rendeu frutos e a fama de Farnese fortaleceu a paisagem artística brasileira. Mas não é por seu trabalho na gravura, sempre abstrato, nem como desenhista, seja abstrato ou figurativo, que ele é, hoje, conhecido e reconhecido, mas pela criação dos objetos chamados BoxForms, cuja matriz explodida e iconoclasta é o Barroco da sua infância. Oratórios, pedaços de madeira de igreja, ex-votos, etc. constituíram, até a sua morte, um mundo estranho, às vezes mórbido e com fortes referências eróticas. Resultado de uma infância secreta, a obra sempre onírica e poética dá força e senso a um trabalho sem igual.
Farnese é um dos mais valorizados artistas brasileiros e tem obras nas maiores coleções particulares e museus do Brasil e do mundo, como: Coleção de Arte Latino-Americana da Universidade de Essex - Inglaterra, Instituto de Arte Contemporânea de Londres, MAC Niterói - RJ, Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), MAM RJ, Museu Nacional de Belas Artes, MAM SP, etc.
Com uma produção ininterrupta participou de diversas Bienais internacionais e nacionais e suas obras hoje são disputadas entre grandes colecionadores, figurando na rara constelação dos artistas plásticos mais valorizados da arte brasileira.