Cirurgia bariátrica ganha novas regras para tratamento da obesidade
Cirurgião bariátrico Walter França/Foto Divulgação |
O tratamento da obesidade mórbida por meio de cirurgia bariátrica passa a seguir nova orientação baseado em regras aprovadas este ano pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A partir de agora, pacientes com índice de massa corporal (IMC) entre 35 kg/m² e 40 kg/m² poderão se submeter ao procedimento, desde que sejam portadores de comorbidades como diabetes tipo 2, apneia do sono, hipertensão arterial, entre outras.
O texto aprovado pela resolução aumenta o rol de comorbidades para indicação de cirurgia bariátrica e define algumas doenças associadas à obesidade e que também oferecem riscos a vida do paciente, como depressão, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca congestiva, infertilidade masculina e feminina, hérnias discais, asma grave não controlada, osteoartroses, refluxo gastroesofageano com indicação cirúrgica, além de doenças cardiovasculares e síndrome dos ovários policísticos.
As novas regras também tornam mais rígidos critérios para realização de procedimentos em jovens entre 16 e 18 anos. Antes, jovens com essas idades citadas poderiam fazer a cirurgia, desde que a relação custo/benefício fosse analisada. Agora, foi acrescido ao texto a presença de um pediatra na equipe multidisciplinar. Em menores de 16 anos a cirurgia será permitida somente em caráter experimental e dentro dos protocolos do sistema CEP/Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).
O cirurgião bariátrico pernambucano Walter França, que possui mais de 3 mil bariátricas em seu currículo, lembra que pacientes com mais de 65 anos também poderão fazer a cirurgia, desde que respeitadas as condições gerais e após avaliação do risco/benefício. Ainda segundo o especialista, as novas regras aprovadas pelo Conselho Federal de Medicina aperfeiçoaram as descrições das vantagens e desvantagens de cada tipo de cirurgia, o que por sua vez pode servir de guia para que leigos compreendam melhor cada procedimento.
"Outro ponto da nova Resolução é a indicação de técnicas cirúrgicas, valendo para a banda gástrica ajustável, a gastrectomia vertical, derivação gastrojejunal e Y de Roux e cirurgia de Scorpinaro ou de switch duodenal", explica Walter França. O texto explica ainda que qualquer outro tipo de cirurgia passa a ser considerada como experimental e para ser realizada necessita de aprovação de estudo específico junto à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
Ainda de acordo com Walter França, os procedimentos mais utilizados atualmente na área de cirurgia bariátrica são o Bypass intestinal e o Sleeve. No Sleeve ou Gastrectomia Vertical, o estômago do paciente é grampeado em forma de tubo que vai do esôfago ao duodeno. Assim se reduz o estômago em até 80% do seu tamanho. O novo órgão fica com 150 ml a 250 ml e com forma parecida com um tubo gástrico." Nessa redução se retira parte do fundo gástrico, região que produz o hormônio grelina, responsável pela sensação de fome. Após a cirurgia, o apetite diminui. Esse procedimento é indicado para paciente com obesidade 3 e mórbida principalmente o que possuem problemas intestinais ou quadro de anemia importante", enfatiza.
Outro método bastante utilizado atualmente é o Bypass intestinal de Forbi Capella. Nessa intervenção cirúrgica a um desvio do intestino delgado fazendo com que o paciente absorva menos gordura do que antes. Todo o intestino continua funcionando normalmente e a absorção de vitaminas e minerais permanece a mesma. "A média de perda de peso do paciente que se submete ao Bypass, oscila entre 40%, mas pode variar entre 25% e 55%", relata a profissional.
Para um paciente se submeter a uma cirurgia de redução do estômago é necessário ter Índice de Massa Corporal (IMC) entre 35 e 40 e carregar consigo, além de muitos quilos a mais, vários problemas acarretados pelo excesso de peso. Antes do paciente entrar no bloco cirúrgico ele deve passar por uma bateria de exames e ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar composta por psicóloga e nutricionista. " É preciso haver uma consciência do paciente que ele vai precisar mudar hábitos. Aprender a se alimentar corretamente, sem excessos e colocar a atividade física na sua rotina", salienta o profissional.
De acordo com o cirurgião Walter França, como qualquer outra cirurgia, a bariátrica tem riscos, mas as doenças relacionadas ao excesso de peso, matam muito mais. "O risco de óbito numa cirurgia bariátrica é de 0,3, já a obesidade mata 10 vezes mais", relata o profissional.
IMC - O índice de massa corporal (IMC)é calculado dividindo-se o peso do paciente pela altura elevada ao quadrado Segundo o CFM, desde 1991, existe consenso internacional de que a cirurgia bariátrica tem as seguintes indicações gerais: IMC maior ou igual a 40; IMC maior ou igual a 25, quando houver estados mórbidos associados; falha no tratamento clínico após dois anos; e obesidade grave instalada há mais de cinco anos.
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Cirurgião Bariátrico Walter França
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