Pneumologista dá dicas para quem deseja abandonar o cigarro

Dia Mundial sem Tabaco é comemorado em 31 de maio/Foto Google Imagem


Considerado por muitos como uma válvula de escape para a ansiedade, o cigarro é um verdadeiro mal em cadeia. Libera quase cinco mil substâncias tóxicas a cada tragada, contribuindo para o aparecimento de diversas doenças – a maioria relacionada ao coração, circulação e pulmão, além de cânceres. 

As piores substâncias presentes no cigarro são a nicotina, o monóxido de carbono (CO) e o alcatrão. A primeira causa dependência e o estímulo provocado por ela chega ao cérebro mais rápido que a cocaína, por exemplo. É a principal causa, respondendo por mais de 90% dos casos, de doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema/bronquite crônica, além de outras doenças pulmonares). O monóxido de carbono reduz a concentração de oxigênio no sangue, que pode acarretar isquemia em vários órgãos. 

As substâncias contidas na fumaça podem também aumentar a viscosidade sanguínea, facilitando a ocorrência de problemas circulatórios, como trombose. Mas nada se compara ao alcatrão. Ele reúne produtos cancerígenos, como polônio, chumbo e arsênio. Na maioria dos casos de cânceres provocados pelo fumo – boca, laringe, pulmão e estômago, por exemplo – há ligação com essa substância. Entre outros males, podemos citar ainda mudança no hálito, irritação na gengiva, surgimento de cáries, alteração do paladar, envelhecimento precoce, elevação da pressão arterial com suas consequências e disfunção erétil (impotência sexual).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o tabagismo a principal causa de morte evitável no mundo, estimando que cerca de dois bilhões de pessoas sejam fumantes, o que representa um terço da população mundial adulta. Os benefícios para quem deixa de fumar são muitos. Entre eles estão normalidade do nível de oxigênio no sangue, diminuição do cansaço, melhora do paladar e da respiração. Além disso, o risco de infarto e câncer de pulmão diminui. 

Para quem quer se livrar do vício, a pneumologista Rita de Cássia Ferreira, do Hospital Esperança Recife, traz dicas valiosas. "Não há um plano universal, cada pessoa reage diferente e encontra sua própria maneira de enfrentar o cigarro. O primeiro passo é se convencer que o tabagismo provoca grandes males e decidir abandonar o cigarro. Ter determinação é o ponto mais importante. Mas em todos os casos, a orientação médica é fundamental, para que a saúde esteja sempre em ordem", explica a médica. 

Para algumas pessoas, abandonar o cigarro pode ocorrer de maneira mais rápida, mas o importante é não desistir. Confira outras dicas:


- O apoio dos familiares e amigos também é fundamental. Peça ajuda sempre que preciso e busque, como inspiração, relatos de quem conseguiu parar de fumar.

- Se é difícil abandonar de vez, diminua gradualmente a quantidade de cigarros por dia.

- Evite, a princípio, locais com muitos fumantes e atitudes que funcionam como "gatilho" – estresse, determinados alimentos etc. Trace novos roteiros para seu dia a dia.

- Beba muita água. Ela ajuda a eliminar a nicotina e outras substâncias tóxicas do organismo.

- Exercite-se. Procure a atividade física que mais lhe dá prazer e comece ou volte a praticar.

- Busque orientação médica a cada passo do plano traçado. O profissional poderá indicar a melhor maneira de lidar com os temporários efeitos colaterais, como ganho de peso e dores de cabeça, por exemplo. Dependendo do nível de dependência, o médico pode recomendar, ainda, ajuda medicamentosa, de acordo com cada caso. 


Impactos ambientais – Além da poluição do ar pela queima do cigarro, o fumo também causa outros danos ao meio ambiente. Um deles está relacionado ao desmatamento em larga escala – para obtenção da lenha utilizada nas estufas onde ocorre a cura (secagem) das folhas do tabaco e também na fabricação do papel utilizado na produção do cigarro. Só para se ter uma ideia, um fumante de 20 cigarros/dia mata uma árvore a cada 15 dias. Outro dano está relacionado ao aumento no acúmulo de lixo, ocasionado pelos restos de cigarros. As pontas de cigarro demoram 100 anos para serem degradadas. Há também o risco de incêndios. Pesquisas apontam que um quarto dos incêndios é causado por pontas de cigarro acesas.