Alcione e José Augusto no Chevrolet Hall

Alcione/Foto Divulgação


Nesta sexta-feira (14), às 21h, no Chevrolet Hall, a cantora Alcione apresenta seu novo show “ACESA”. No palco, a Marrom apresenta as canções de seu recém-lançado CD, que traz o registro de sambas românticos com uma leve dose de despudor. Divide a noite com Alcione o cantor José Augusto, que volta ao Recife apenas quatro meses depois da sua última apresentação no Chevrolet. O galã agradou o público, que pediu bis para o show “Aguenta Coração”.

Teatral, divertida, suingada, romântica, eclética... São muitos os adjetivos que podemos usar para reverenciar essa artista excepcional que é Alcione. Sem preconceitos estéticos, equilibrando-se entre o sofisticado e o popular, ela é cada vez mais querida por jovens e velhos, gente simples, moderninhos, morro e asfalto, subúrbio e zona sul. E tome carisma e talento para conseguir tal façanha! É esta cantora que volta mais ACESA do que nunca em seu 34º disco de carreira, agora numa parceria da Indie Records com a Sony Music.

Para quem gosta da Alcione sambista, temos aqui neste disco alguns bons exemplares do gênero como o delicioso Chutando o balde, de Nei Lopes – compositor que foi lançado pela Marrom em seu primeiro compacto, de 1972, com Figa de guiné, numa parceria com Reginaldo Bessa, e de lá pra cá, já teve quase 30 músicas gravadas por ela. Nesta faixa quem participa (e assina o arranjo) é Wilson Simoninha com seu suíngue peculiar, herdado do pai, Simonal. Os dois cantam versos deliciosos como: “Como dizia Seu Aldir da (rua) Garibaldi/ Quem não agüenta batidão/ Vai de Vivaldi/ Ou faz um samba igual ao meu/ Que o povo aplaude”.

Provando seu ecletismo, quem a Marrom também convidou para participar de seu disco é o popularíssimo Grupo Revelação num outro samba muito agradável, O samba me chamou, de Sombrinha e Marquinho PQD, numa levada de gafieira, com letra autobiográfica. “Foi o samba quem me deu valor/ Hoje em dia tenho o meu lugar/ Quantas vezes ele me chamar eu vou”, diz a letra de embalo, que terá lugar certo nas rodas de samba & pagode.

Neste clima carioquíssimo é Eu vou pra Lapa (Serginho Meriti/ Claudinho Guimarães), outro samba que enumera as ruas, personagens, tribos, botecos e tudo mais que renovou a boemia do bairro, cujo auge foi nos anos 30 e 40 e vê nesta década seu ressurgimento glorioso. A faixa, inclusive, já pode ser ouvida na trilha da novela Caminho das índias, da TV Globo.

Outro samba que se destaca é o divertido (O melhor lugar do mundo é) A casa da mãe da gente, dos amazonenses Junior Rodrigues e Gilson Nogueira. Bem a cara da Marrom, foi descoberto pelo produtor Jorge Cardoso durante um pagode em Manaus. É um partido alto de primeira falando sobre os mimos maternos típicos das relações de mãe e filho no Brasil: “Ela diz: ‘Que menino folgado’/ Mas briga um bocado se alguém concordar”.

Original também é o samba-homenagem Nair Grande – A Bambambã do Fuzuê (Telma Tavares/ Paulo César Feital), baseado na história real desta personagem originária do Bloco dos Arengueiros que anos mais tarde se transformaria na Estação Primeira de Mangueira, da qual ela se tornaria uma das grandes matriarcas, uma mulher muito à frente de seu tempo.

Também da carioca Telma Tavares (com o baiano Roque Ferreira) é a música que une os dois climas básicos do disco – o sambístico e o romântico – e não por acaso é a faixa-título e também a primeira de trabalho para as rádios, Acesa. “Só come gostoso se for no meu prato/ Só sonha bonito no meu cobertor”, dizem versos que ganham outro sabor na interpretação muito irreverente, quente e sincera da Marrom. Aliás, este é um dos trunfos da cantora. Por isso, a cada novo disco, muitos compositores procuram assimilar novas gírias e ditos populares para criar canções especialmente para ela. E Alcione de fato representa à perfeição essa voz da mulher brasileira do povo. Uma mulher passional, sentimental, porém de fibra e um tanto fogosa.

É justamente na seara mais romântica que esses compositores se esbaldam na hora de criar músicas para a sua voz. Versos que até poderiam soar vulgares na voz de outros intérpretes parecem perfeitos ditos por ela. Na faixa de abertura, Eu não domino essa paixão (de Nenéo, com um de seus mais fiéis fornecedores, Paulinho Rezende) ela manda: “E vamos combinar na madrugada/ Ele tem uma pegada que é impossível resistir”.

Mais adiante, descreve suas fantasias: “Eu me preparei inteira pra você (...) Hoje eu acordei na tua intenção/ Pra satisfazer a imaginação/ E fazer de tudo que você quiser/ Te mostrar porque é que Deus me fez mulher/ Eu te vejo me amar sem pudor bem em frente ao espelho/ Enquanto desenho meus lábios com aquele meu batom vermelho”. Esta é Dama da paixão, parceria de Umberto Tavares com seu sobrinho Jefferson Junior, que já apareceu deitado em suas costas, na contracapa do LP Fruto e raiz, de 1986, e hoje se tornou também artista, tendo participado como autor ou intérprete de dois discos recentes da Marrom.

Ainda nesse clima de músicas românticas de atmosfera de cabaré é Não me peça pra ficar (dos paulistas Valtinho Jota e Andréa Amadeus), na qual desabafa: “Eu não suporto mais ter que fingir/ Que não senti o cheiro de outra mulher/ Perdi a conta dos recados que ouvi/ E do telefone mudo que não diz quem é”. E se descontrola mais ainda em Quem dera fosse eu (Reinaldo Arias/ Paulo Sérgio Valle): “Que fez você de mim/ Pra te amar assim/ Sem saber chegar, sem saber partir?”. Os fãs daqueles baladões dos anos 80 vão gostar.

Como de hábito, a cozinha instrumental do CD Acesa fica por conta de sua numerosa Banda do Sol e, desta vez, com os arranjos a cargo de seis mestres do gênero: Jota Moraes, Zé Américo, Alexandre Menezes, Julinho Teixeira, Ivan Paulo e do produtor Jorge Cardoso, além do já referido Wilson Simoninha.

Fecham o repertório mais três músicas românticas made in Rio de Janeiro, em compasso de samba, O sono dos justos (Marcus Lima/ Márcio Proença/ Rodrigo Sestrem), Eternas madrugadas (Fred Camacho/ Cassiano Andrade) e Sinuca de bico (Claudemir/ Elcio do Pagode/ Serginho Meriti), além de uma singela toada do maranhense Carlinhos Veloz, Imperador Tocantins, em que a Marrom deita e rola, com belas nuances de interpretação, mostrando a grande cantora que é.

José Augusto/Foto O Fuxico/Google Imagem

José Augusto Volta ao Recife


Depois de mais de uma centena de apresentações da turnê “Aguenta Coração” pelo país a tour continua com força total e o show promete, mais uma vez, levar fãs de todas as idades à casa de shows mais tradicional de Pernambuco, para destilar mais de 22 sucessos colecionados ao longo de 36 anos de carreira que marcaram a vida do cantor e compositor.

O roteiro da noite abre com Chuvas de Verão e segue com os sucessos que marcaram épocas como Sonho por sonho, Evidências, Sábado, Por eu ter me machucado, Te amo, O que é que eu faço amanhã e, claro, e Aguenta coração. O cantor ainda mostrará no momento alto do show, uma releitura da música; Só hoje, sucesso gravado pela banda mineira J Quest.

O show tem a direção musical assinada pelo cantor e foi lançado em formato de CD/DVD, com 19 canções, e conta com as participações especiais de Alcione, Chitãozinho e Xororó, Roupa Nova e The Originals que completaram o time de participações deste projeto que foi gravado no dia 27 de fevereiro de 2008, no Rio de Janeiro.

Em relação à música gravada no DVD de José Augusto que conta com a participação de Alcione, fica o suspense se o público poderá conferir esse encontro no palco do Chevrolet Hall. A apresentação de cada artista é distinta, mas quem sabe se a noite do dia 14 não será de surpresas?
SERVIÇO:
Show Alcione e José Augusto
Chevrolet Hall / Av. Agamenon Magalhães
Dia: 14 de agosto (sexta-feira)
Horário: a partir das 21h
Informações: Pista R$ 50, estudante R$ 25, Mesas Premium R$ 600, Mesa Vip R$ 400 e camarote de R$ 500 à R$ 900, à venda no local ou nas lojas Renner.
Informações: (81)3427.7500.
Da Assessoria de Imprensa/Caderno 1 (81.3224.9277)